por Abílio Lima Engenheiro Agrónomo Quando comecei a elaborar este artigo, a minha infância voltou a nascer, fez com que regressasse ao passado, ao tempo de infância que todos nós temos à nossa maneira. Fez-me lembrar os tempos da Escola Agrícola de Santo Tirso, também conhecida como Escola Secundária Conde S. Bento, em que desde os meus 12 anos de idade, comecei o meu processo de aprendizagem da prática e das técnicas agrícolas, em que nos era incutido o espírito da ruralidade, da importância da Agricultura em prol do desenvolvimento do País, e fundamentalmente da Nossa Região. Além disso, fez-me lembrar a responsabilidade e a disponibilidade que tínhamos, quando terminava a escola, o nosso interesse era ajudar os pais, os nossos familiares. Mas o que nos interessava e que considerávamos ainda o mais importante, era o nosso empenho, a nossa realização profissional, a prática, ou seja, como alguém diz, “estamos preparados para tudo, dado que pusemos e continuamos a por a mão na massa”, temos enraizado em nós, o espírito de união e força. Fez-me também relembrar as tarefas, que realizávamos nas nossas casas, nas casas dos vizinhos, ou até mesmo nas nossas freguesias em que colaborávamos, fazendo por vezes prestação de serviços quando solicitados para tal, sendo considerados até bons profissionais, o que valorizava o nosso ego, nos dava um maior sentido de responsabilidade, e por isso nos obrigava a demonstrar aquilo que valíamos, e o saber fazer era um orgulho e uma realização. Infelizmente, nos dias de hoje isso não acontece, vejo cada vez menos jovens com interesse no sector, tendo sempre em mente a ideia de que a agricultura é um fracasso, sem rentabilidade. Optam na maioria das vezes por viver na cidade, abandonando assim o meio rural. O que me leva a questionar, O que mudou? Porquê esta grande diferença de mentalidade? Porquê esta falta de interesse? Será Verdade? Por isso quero e espero contar com todos aqueles que têm em mente a mesma ideia e opinião, para que possamos, todos juntos provar que a Agricultura e o Desenvolvimento Rural é importante, tem rentabilidade, e é sustentável, e que além disso é uma peça-chave, para o Progresso do País. É preciso desequilibrar, a balança, e fazer com que o abandono e o envelhecimento da agricultura diminua, visto que a idade média da população do sector é de mais de 55 anos, devendo esta tornar-se, jovem, pioneira e promissora. A mudança de mentalidades, a aposta na diferença, o abandono da monotonia, é algo a incutir nos jovens, por isso existe a necessidade e a importância de regressaram à terra, e desenvolver a região e os seus produtos endógenos/autóctones. Os jovens, devem conhecer e ter orgulho no que é nosso. A Educação pode ser um excelente vector de comunicação entre os jovens e a Agricultura. As escolas profissionais têm que ser, cada vez mais apelativas na sua divulgação, para aguçarem o interesse dos jovens no sector agrícola. As Entidades Oficiais devem também ajudar, contribuir e estimular para a necessidade de criar medidas de incentivo ao investimento, acompanhamento no sector e aplica-las, não ficar apenas por promessas. Os jovens empresários, devem ser acompanhados em toda a sua totalidade, não chega falar em banco de terras, para arrendamento rural, é necessário todo o apoio para que os projectos sejam bem sucedidos. Face a isto a necessidade do regresso à Terra deve ser mais uma Vontade do que uma Necessidade, em que o objectivo fundamental deve ser a valorização do que temos de mais nobre que são: as riquezas naturais, a criação, a manutenção e a preservação das nossas tradições, e dos costumes que caracterizam e identificam as Regiões.
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Firmino MarquesDeputado da XV Legislatura. Deputado efectivo na CP Parlamentar da "Administração Pública, Ordenamento do Território e Poder Local" , participando também nas CP's dos "Assuntos Europeus" e "Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto". Arquivo
March 2023
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