por Afonso Oliveira Deputado da Assembleia da República A economia portuguesa registou nas duas primeiras décadas do séc. XXI um crescimento anémico (ou praticamente inexistente). Em média 0,5% ao ano. O ritmo de crescimento económico (antes do surto pandémico) colocou Portugal num caminho de empobrecimento e a comparar muito mal com os países da Coesão.
Os Governos Socialistas inicialmente em geringonça e agora em maioria absoluta, têm tido a grande responsabilidade de alimentar o empobrecimento e a ausência de uma estratégia para o país. Portugal caminha assim a passos largos para a cauda dos países europeus em termos de criação de riqueza e de condições de vida das populações. É neste cenário que surge a pandemia, que cria naturalmente dificuldades adicionais e que traz à superfície a debilidade do sistema de saúde, a qualidade dos serviços públicos, a impotência do sistema de justiça, isto para referir apenas alguns exemplos. Para olharmos para os próximos 2 a 3 anos, é fundamental ponderarmos os riscos que poderemos ter que enfrentar e as oportunidades que não estamos em condições de desperdiçar. A guerra que a Rússia de Putin resolveu travar com a Ucrânia veio criar um clima de enorme instabilidade e de incerteza face ao futuro. Já sentimos na pele uma forte aceleração da inflação, o crescimento dos custos com a energia, grandes dificuldades na cadeia de fornecimento de produtos alimentares básicos (os cereais produzidos na Ucrânia são talvez o melhor exemplo). Acresce ainda a subida das taxas de juro, com efeitos imediatos nas prestações de crédito à habitação e nos juros da divida pública. Estes são alguns dos principais ingredientes que contribuem para que os portugueses registem uma forte quebra de poder de compra e de rendimento real. É da reação europeia que chega o Plano de Recuperação e Resiliência (mais de 16 mil milhões de euros), que soma ao PT2020 e ao PT2030. Só com uma aposta forte na inovação e na modernização da economia será possível criar mais e melhor emprego. O Governo português perdeu uma grande oportunidade de criar um plano focado no crescimento económico e no apoio claro às empresas e ao investimento produtivo. Em vez de desenhar o PRR à medida do que o país precisa, definiu um plano centrado no estado e não na economia e nas empresas. Temos um PRR à imagem do Governo Socialista. Mas apesar de não corresponder ao plano mais adequado para o país, o Governo não pode falhar na sua concretização. O Governo não tem o direito de falhar. Este é o tempo em que deveríamos ter um Governo mais capaz, mais competente, com uma estratégia bem definida para o país. A verdade é que não temos esse Governo e este é um dos grandes riscos que devem ser considerados quando pensamos no horizonte da legislatura. Vivemos tempos de enorme incerteza. Vivemos tempos de forte imprevisibilidade. Vivemos tempos de grandes desafios. Mas também vivemos num tempo que exige determinação, competência, sentido de urgência. O que todos temos que fazer pelo país e pelos portugueses exige vontade, esperança, confiança e exige claramente uma alternativa a uma governação que tem assumido o empobrecimento como uma fatalidade. O centro de um bom Governo terá quer ser sempre os portugueses, todos os portugueses.
1 Comment
Miguel Soares
3/7/2023 02:13:23 pm
Concordo plenamente com o teor deste texto.
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Firmino MarquesDeputado da XV Legislatura. Deputado efectivo na CP Parlamentar da "Administração Pública, Ordenamento do Território e Poder Local" , participando também nas CP's dos "Assuntos Europeus" e "Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto". Arquivo
March 2023
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